Se você ou sua empresa realizam compras no exterior, já devem ter se deparado com a sigla IOF na fatura. Ela aparece também quando fazemos saques com o cartão de crédito ou estouramos o seu limite.
Mas, se a sua empresa realiza viagens corporativas ao exterior é preciso ter muita atenção. Para além do IOF, existem outros custos financeiros que podem impactar diretamente no seu caixa.
Entenda melhor como fazer compras internacionais no cartão de crédito corporativo e quais são as novas regras do Banco Central.
O que é IOF?
A sigla IOF significa “Imposto sobre Operações Financeiras”. Ele é um imposto federal – o que mais gera arrecadação para o Governo – pago tanto por pessoas físicas, quanto jurídicas ao realizarem operações de crédito, câmbio, seguro ou operações de títulos mobiliários.
Isso quer dizer que caso você faça um empréstimo, compre moeda estrangeira para viajar, faça saques com o cartão de crédito ou realize algum investimento, o IOF irá incidir, variando conforme a modalidade de cada operação financeira e o seu respectivo valor.
Através dele, também é possível controlar a economia do país. Com o histórico das movimentações financeiras realizadas no Brasil, é possível criar índices que funcionam como indicadores da economia: quanto mais IOF arrecadado, mais operações financeiras ocorreram.
Mas, é importante lembrar que, nem sempre um maior índice de IOF expressa economia em crescimento, uma vez que ele inclui também operações como empréstimos.
Todavia, muitas pessoas lembram do imposto com maior frequência, quando se diz respeito a viagens e às decisões a serem tomadas para os gastos no exterior.
Compras no exterior: as diferentes alíquotas do IOF
Quando se está planejando fazer uma viagem com destino internacional, uma das dúvidas mais frequentes dos viajantes é qual é a melhor maneira de levar o dinheiro para o exterior para bancar os gastos da viagem.
Para isso, existem basicamente três opções disponíveis no mercado: a utilização do próprio cartão de crédito – seja ele um cartão corporativo ou pessoa física -, o cartão pré-pago e o dinheiro em espécie. Para cada modalidade, o IOF incide de uma maneira diferente.
As taxas aproximadas de IOF, por modalidade, são as seguintes:
- compra de moeda estrangeira: 1,1%
- uso de cartão de crédito no exterior (e para compras online internacionais): 6,38%
- compra de cartão pré-pago: 6,38%
Muitas pessoas escolhem utilizar o próprio cartão de crédito para realizar compras internacionais. Isso se dá, muitas vezes, pela praticidade de não ter que se preocupar com um novo cartão ou com possíveis perdas de dinheiro. Nesse caso, o cálculo do IOF se baseia no valor da compra já convertido em reais, e não na moeda estrangeira.
Tratando-se do cartão pré-pago de viagem, este é uma das opções mais escolhidas pelos viajantes, pois seu funcionamento é bastante simples. O cliente emite o cartão, o recarrega com a quantia que desejar, e utiliza como um cartão pré-pago para arcar com suas despesas no exterior. Nessa modalidade também é possível fazer saques em dinheiro e recargas.
Por fim, há quem decida levar dinheiro vivo para realizar suas compras no exterior. Apesar de apresentar a menor taxa de IOF, é uma opção arriscada – afinal, o principal problema de levar dinheiro em espécie é o risco de perda, furto ou roubo.
Por isso, é sempre recomendado que você possua mais de uma opção disponível quando for viajar.
Além do IOF: quais são os custos nas operações de câmbio que impactarão o caixa da empresa?
Quando compras internacionais são feitas no cartão de crédito, deve-se ter atenção às outras taxas, além do IOF, que você também vai ter que bancar na transação. As principais são:
- Taxa de conversão: este valor é determinado pelo seu banco ou casa de câmbio. Acontece tanto em transferências internacionais como em compra de moeda.
- Taxa administrativa: tarifa cobrada pelo banco ou casa de câmbio para realizar transações internacionais.
- Custos Swift: taxa cobrada para custear a comunicação entre instituições financeiras de diferentes países em uma transação no exterior.
É importante ressaltar que as taxas de conversão, que vão determinar quanto sua compra valerá em real, são definidas exclusivamente pela instituição financeira, que emitiu o cartão de uso internacional.
De acordo com o Banco Central, essa taxa de conversão não está vinculada com o dólar turismo, comercial ou Ptax (taxa média de câmbio do Banco Central).
Na prática, o que é observado é que a taxa utilizada costuma ficar próxima da Ptax e acrescida de um pequeno valor.
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Se você optou por realizar suas compras no exterior com cartão de crédito até antes de março de 2020, a taxa de conversão da moeda era definida pelas instituições financeiras na data do fechamento da fatura do cartão de crédito, ou seja, 10 dias antes da data de pagamento da fatura.
Se a cotação do dólar caía, o emissor devolvia a diferença na fatura seguinte. Se crescia, cobrava a diferença.
Dessa forma, não era possível fazer uma previsão do quanto ia ser gasto, pois o câmbio podia variar da data da compra até o fechamento da fatura do cartão. E, assim, muitas vezes, as pessoas acabavam gastando mais do que o imaginado naquele item.
Entenda o que mudou com a nova regra do BC sobre a taxa de compra internacional no cartão de crédito
A partir de 1º de março de 2020, as compras feitas com cartão de crédito no exterior serão cobradas de acordo com a taxa de câmbio equivalente ao dia. Diferentemente do que era praticado antes, agora ficou mais fácil de prever o valor final da compra.
Desde 2016, já existia essa possibilidade, porém poucos bancos ofereciam a opção para seus clientes. A nova regra foi definida no final de 2019 pelo Banco Central e passa a valer a partir de março de 2020.
Outro detalhe importante definido pelo BC é que bancos e instituições financeiras emissoras de cartões devem divulgar diariamente em seus canais de atendimento, até as 10 horas da manhã, a cotação que será aplicada para aquele dia.
O principal objetivo da nova regra é dar maior previsibilidade nas compras feitas com cartão de crédito no exterior, de forma que o usuário do cartão saiba de maneira mais precisa quanto pagará naquela compra.
A nova medida também ajuda a evitar surpresas negativas no retorno ao Brasil, sobretudo em períodos de disparadas do dólar e do euro. Para os analistas, a nova regra permitirá comparar com mais facilidade as taxas praticadas pelos diferentes cartões oferecidos hoje no mercado.
Agora, a fatura terá que identificar cada gasto na moeda em que foi efetuado, o valor equivalente em dólares e em reais, e a taxa de conversão do dólar para o real. Além disso, as instituições financeiras e os bancos serão obrigados a informar o histórico das taxas de conversão, em dados abertos, de forma que possam ser estruturados e divulgados.
Agora que você já sabe sobre como IOF e outras taxas incidem nas suas compras internacionais e impactam no seu caixa, é hora de traçar qual estratégia está mais alinhada com os objetivos da sua empresa.
Veja também nosso artigo sobre o que é cartão corporativo e entenda tudo sobre esse método de pagamento!